segunda-feira, 1 de junho de 2009

GOIÂNIA FORA: POR A MAIS B, A VERDADE



Para todos os goianienses e pessoas com um mínimo de seriedade ética, a escolha das 12 cidades-sedes da Copa 2014 foi pra lá de lamentável.

Os critérios estabelecidos pela própria FIFA não foram utilizados para definir o mapa brasileiro do evento. É de senso, bom senso e consenso geral que Goiânia, no conjunto desses aspectos, supera, no mínimo 3 das escolhidas: Cuiabá, Manaus e Natal.

Com a decisão de conceder vagas ao Pantanal e à Amazônia, nossa disputa, na reta final, limitou-se à Florianópolis e Natal. E é na capital potiguar, a escolhida da FIFA, que vou me basear para a realização deste artigo não só opnativo, mas, sobretudo, comprovatório quanto à superioridade da candidatura goianiense.

REPRESENTATIVADE FUTEBOLÍSTICA

Não é de agora que a tradição goiana no futebol fala mais alto que a potiguar. É simplesmente histórica e gritante a diferença que hoje coloca nosso Estado como o oitavo melhor do país, com 2.969 pontos, e o Rio Grande do Norte em 12º, com apenas 1.116. Esses números, é claro, refletem a posição dos times no futebol nacional, de acordo com o ranking da CBF. Com Goiás na Série A e Vila Nova e Atlético na Série B, saímos bem à frente de Natal que tem representantes somente na Segundona: América e ABC, este último na atual zona de rebaixamento da competição.

CIDADE

População: Com 1.224.645 milhão habitantes, Goiânia é hoje a 11ª região metropolitana mais populosa do Brasil, enquanto Natal, com apenas 774 mil, ocupa a 21ª colocação. Quanto mais gente, maior o benefício proporcional.

Economia: O melhor indicador deste quesito é, sem sombra de dúvidas, o produto interno bruto, que representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região. Goiânia registrou, em 2005, um PIB de R$13,5 bilhões, enquanto o de Natal não passou de R$7,5 bilhões. Individualmente, a capital potiguar sai na frente, com um PIB per capita de R$9,5 mil, contra R$6,5 mil de Goiânia. Fato que se deve, entretanto, ao maior número de pessoas que habitam a capital Goiânia.

Transporte público: Nenhuma das duas cidades tem metrô, o que acaba colocando o ônibus como o principal meio de transporte público. Goiânia possui, ao todo, 1.443, sendo 1.043 novos. Já Natal sai um pouco na frente com 1,8 mil.

Aeroporto e Rede Hoteleira: Em ambos os aspectos, Natal, devido à tradição turística, sai bem à frente. O Aeroporto Internacional São Gonçalo do Amarantes, além de pouca sobrecarga, já está em processo de expansão. Já o Santa Genoveva, um dos piores entre as 17 candidatas, é pequeno e apresenta sobrecarga de quase o dobro de sua capacidade. A rede hoteleira goianiense também deixa a desejar tendo menos que o dobro de leitos (12 mil) que Natal (26 mil). Apesar da expressiva superioridade, este é um dos quesitos vistos como de fácil resolução pela Pricewaterhouse Cooper, consultoria responsável por analisar a infreaestrutura das cidades candidatas. Segundo o seu consultor, Maurício Girardello, todas as cidades têm aeroportos deficientes, mas a expansão prometida pela Infraero suprirá as necessidades do Mundial. Lembrando que no dia 22 de maio, saiu a licitação do novo aeroporto de Goiânia, com custo orçado em R$339, 24 milhões e entrega prevista para o dia 30 de maio de 2012. Quanto à rede hoteleira, Girardello demonstrou otimismo devido aos investimentos da iniciativa privada, classificando assim como verdadeiros e principais problemas a mobilidade urbana (transporte goiano sai na frente), a segurança (Natal tem uma das mais eficientes do país), o ambiente (Goiânia é a segunda cidade mais arborizada do mundo com mais de 5 mil hectares de area continua em mata, parques e resevas ambientais, perdendo apenas para Edmonton, no Canadá), além de telefonia e energia, este último com maior incidência, incluindo até riscos de apagão no Sul (aonde teremos 3 vagas) e Nordeste (aonde teremos incríveis 4 vagas).

Estádio: tanto os atuais (Serra Dourada tem hoje uma das melhores localizações em termos de estádio, o sétimo melhor gramado do país, uma área de estacionamento invejável, etc) como os projetos futuros demonstram, mais uma vez, a superioridade da candidatura goianiense. O Serra Dourada tem média de público de 8.558 pagantes contra 5.498 do Arena das Dunas. Valor do ticket médio do Serra é de 20 reais, o que gera uma arrecadação media anual de 10,4 milhões. Considerando o valor estimado do novo projeto, que é de 180 milhões de reais, o valor de retorno anual mínimo para a sua viabilidade seria de 10,8 milhões. Como a arrecadação é de 10,4 milhões por ano, a diferença entre a arrecadação necessária e a atual geraria um superávit de 0,4 milhão de reais. Já Natal tem R$12,50 reais como valor médio do ticket, um novo projeto estimado em R$280 milhões, o que exigiria um retorno de R$16,8 milhões para a sua viabilidade. Como a arrecadação anual media é de R$1,6 milhão, a diferença entre a arrecadação necessário e a atual, ao contrário do Serra Dourada, geraria um deficit de R$15,2 milhões à Natal. Lembrando que o baixo custo do novo projeto e as chances de ser bem aproveitado no período pós-Copa ERAM quesitos quase que determinantes na análise da FIFA, que temia tanto a origem dos recursos financeiros, quanto a criação de verdadeiros elefantes brancos. Traição de princípios?

Turismo: Natal está sempre entre os principais destinos da maioria dos turistas que visitam o Brasil. Além de ser uma região litorânea, é uma das candidatas mais próximas da Europa, há somente 7 horas de voo do velho continente. Já Goiânia não é vista como uma cidade de grandes atrativos. Mas considerando a esolha de Fortaleza, também há 7 horas de voo da Europa, e um total de outras 4 cidades litoraneas (Fortaleza, Recife, Salvador, Rio de Janeiro), talvez fosse interessante se desvincular de um jargão ainda da época das capitanias, quando o interesse geral ficava de frente pro mar e de costas para o centro do Brasil. Centro que conta com tradições religiosas, como o Divino Pai Eterno de Trindade; com patrimônios históricos da humanidade, como Goiás Velho; com tradições e belezas naturais como as de Pirenópolis; tem o maior manancial hidrotermal do mundo em Rio Quente e Caldas Novas; o Rio Araguaia, com mais de 2 mil km de extensão; isso fora as cachoeiras, o ecoturismo (tão valorizado e procurado ultimamente por turistas) e os inúmeros atrativos da própria capital que deveriam ter sido valorizados, afinal, o Brasil não é só praia, é também Amazônia, por isso, Manaus; é também Pantanal, por isso, Cuiabá; e é também Cerrado, por isso Goiânia, já que Brasília, além de não estar tão próxima destas belezas, é sede, única e exclusivamente, por se tratar da capital do país.


MOBILIZAÇÃO

Goiânia não tinha um Blairo Maggi, amigo pessoal, sócio de Ricardo Teixeira e, por último, Governador do Mato Grosso. Mas saiu bem a frente de Natal ao contar com o apoio de grandes nomes do cenário nacional e internacional, como do vice-presidente do Senado, Marconi Perillo; do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; de João Havelange, presidente de Honra da FIFA; de Felipão, campeão mundial com a Seleção Brasileira em 2002 e padrinho da campanha goianiense; além de artistas e entidades como o Itaú, patrocinador oficial da CBF, da seleção brasileira e da candidatura de Goiânia de forma exclusiva.


POLITICAGEM

Todos esses quesitos mais a reputação dos homens que escolheram as sedes me trazem ainda mais indignação. Se você acha que, pela grandeza da instituição e de seu próprio nome, a FIFA seria incapaz de manipular resultados, fique sabendo que vários dos 25 integrantes do Comitê que escolheu as 12 cidades-sedes tem indícios de corrupção manchando seus currículos.

Segundo a Folha de São Paulo, o presidente Joseph Blatter, por exemplo, foi acusado pelo então secretário-geral, Micheal Zen-Ruffinen, de ter feito gastos irregulares, somando prejuízos de 360 milhões de libras (mais de R$1 bilhão) para a FIFA.

O russo Viacheslav Koloskov, quando nem era membro da entidade, recebeu mais de 69 mil libras de Blatter. Ao ser descoberto, ao invés de ser punido, virou membro do Comitê.

O então diretor de marketing, Jérôme Valcke, rompeu de forma irregular com a patrocinadora Mastercard, gerando um prejuízo de mais de 90 milhões de dólares à FIFA. Pediu desculpas e virou secretário geral da entidade.

Jacj Warner, um dos vice-presidentes, foi acusado de lucrar 1 milhão de dólares com a revenda ilegal de ingressos para a Copa da Alemanha, em 2006. Foi multado, devolveu o dinheiro e seguiu com prestígio no Comitê Executivo.

Julio Grondona, segundo homem da FIFA, foi investigado por possíveis irregularidades nos contratos de TV da AFA (Associação de Futebol Argentina).

Rafael Slagueiro, membro do Comitê Executivo da Guatemala, foi acusado por um ex-membro da federação local de vender camisas falsificadas da Adidas.

Nosso Ricardo Teixeira, presidente da CBF, foi alvo de simplesmente duas CPI`s, na Câmara e no Senado, que apontaram irregularidades com bancos e empresas favorecidas com cerca de R$30 milhões em 3 anos.


Caros amigos, depois de tantos dados, me limito a dizer que a escolha dessas 12 sedes não foi técnica nem aqui, nem na China e, muito menos, nas Bahamas. E não só Goiânia, como o Brasil, pagará por muitos anos por tamanha injustiça. 2014 que nos diga!

5 comentários:

Rômulo Menezes disse...

Ótimo texto Monara! INDIGNÇÃO,Esse é o sentimento da população goianiense. Estamos decepcionados pois sabemos que nossa cidade merecia esse evento muito mais que outras escolhidas!!!

Larissa Rodrigues disse...

Putz... sem o q tirar nem por no seu texto hein?

´Só nos resta, entao, lamentar!
Já estamos ficando mestres niss0 =/

bjus

vinícius disse...

No começo do texto... já vinha na minha cabeça.
"Matéria digna de capa da Placar, do Lance..."

mas ao final do texto, mudei de opinião...

"Essa matéria é digna de capa de uma Época, Veja, Caros Amigos..."

meu orgulho!!!
Parabéns!!!

Paulinho disse...

Parabéns Monara!
gostei do texto sobre a não escolha de Goiânia como sede da Copa de 2014, não vejo este fato como uma indignação e sim uma lição, pois passou da hora do Estado de Goiás ter mais representatividade política não somente na época das eleições; ta passando da hora de Goiás ter pessoas mais sérias no seu comando; está passando da hora do Estado de Goiás pensar em resolver um monte de problemas que atinge nós goianos, principalmente Goiânia. O pior é que nós goianos, as vezes, pensamos que nossa capital é perfeita e esquecemos que tratar de mudar o percurso das coisas. O Estádio Serra Dourada, é hoje demodê para a prática futebolistica, ai alguém vem e me fala mas todos os estádios do Brasil possuem problemas, certo!? Errado. O Estádio Serra Dourada está caótico, e o projeto de modernização do mesmo demorou ser feito e quando foi feito ficou aquém das expectativas. E preciso admitir, os projetos dos outros Estados são melhores, o do Estádio Arena das Dunas em Natal (RN) é espetacular. Como seria fazer uma Copa do Mundo no Brasil e não ter Manaus e a Amazonas como uma das sedes? Seria como a França na Copa de 98 não ter Paris; a Amazonas e o Rio de Janeiro são as cidades mais internacionais do Brasil e o turista estrangeiro é quem fala isso.
Natal também leva vantagem sobre Goiânia no quesito aeroporto, álias a minha querida Goiânia não tem aeroporto, pois o Santa Genôveva não é aeroporto; aquilo lá é tudo menos aeroporto. Natal está mais próxima da Europa, é rota fácil e é sim uma belissima cidade. Goiás tem turismo, tem lazer, claro que temos, mas Goiânia não tem. O que tem Goiânia de lazer? o Flamboyant? O Parque Vaca Brava, a Feira Hippye (rs)? Então ta passando da hora das autoridades goianas pensar Goiânia pelo lado do turismo e do lazer, independente da realização de Copa. A rede hoteleira de Goiânia também não é boa, e tudo que Goiás oferecia para a Copa Brasilia também relacionou em seu projeto. Brasilia está muito próxima de Caldas Novas, é mais próxima de Pirenopólis do que a própria capital de Goiás, é perto de tudo que temos de melhor em Goiás.
Não estou criticando a nossa Goiânia, estou apenas sendo coerente, seria ótimo para Goiás e para todos nós goianos recebermos jogos da Copa de 2014, mas que isso não fique o ranço da indignação pela capital de Goiás ser pretérida na escolha, mas sim se torne uma lição onde todos nós (goianos) sobretudo nossas autoridades passamos de agora em diante ver Goiás e ver Goiânia por um outro ângulo, o ângulo da seriedade e do trabalho predestinado daqueles que querem fazer deste Estado e desta cidade um lugar melhor pra se viver.

Espero sua visita


http://souza.pc.zip.net/

César Potiguar disse...

"Goiânia possui, ao todo, 1.443[ônibus], sendo 1.043 novos. Já Natal sai atrás com apenas 1,8 mil."

1800 é menor que 1043?

não acho que investidores estariam mais interessados em construir hotéis em Goiânia do que em Natal...a capital goiana continua provinciana, algo que não a difere muito da querida Natal, mas o fato decisivo parece mesmo ter sido o turismo...ninguém faz turismo em Goiânia...se a cidade candidata em Goiás fosse Pirenópolis, Alto Paraíso ou até a antiga Vila Boa, teriam mais chances de sucesso.

Abração,

César Potiguar