
Quatro minutos. Bastou isso para que a previsibilidade desse lugar à certeza. Se assim como eu, você apostava na força, no mando de campo e na tradição (a verdadeira culpada da minha cega e insistente confiança no time da capital) do Goiás, nada melhor que uma seqüência de três baldios ataques esmeraldinos nos três primeiros minutos e um gol do célere contra-ataque tricolor para nos dar um preâmbulo do massacre que seria aquele jogo. Afinal, 3 x 0 não foi feio, foi pouco!
Digo isso porque desde que Fábio Oliveira se machucou aos 8 minutos da primeira partida da final, estava cantado em verso e prosa que a estratégia tricolor seria na íntegra confiada à rapidez de Landu e Basílio no contra-ataque. Chavão? Sim! Então porque o Goiás não fez diferente para a todo custo driblar esse plano nada secreto? Simples: porque não deu conta. E isso, se prova por A mais B mais C mais D...
O jogo
Cinco minutos após o gol de Landu, pênalti pro Goiás. Quem pega a bola não é Paulo Baier, mas Schwenck. Antes dele errar, ninguém criticou a atitude. E se alguém o fez, errou! Afinal dos oito gols que ele marcou durante todo o campeonato, metade foi dessa forma. Logo, ele tinha cacife e confiança pra bater. "Decisão é diferente"- foi o que me disseram. Mas pra quem não se lembra, PB, no jogo mais decisivo dos últimos tempos, rebaixou duas vezes e, exatamente dessa forma, o pobre Goiás que, se não tivesse Djalma Teixeira e Élson para ressuscitar o time, estaria na Série B aonde hoje o Corinthians chupa uva. De volta a Schwenck, digo: errar é humano. Mas calma, confesso também que insistir no erro é burrice. Do pênalti em diante o Goiás partiu com tudo para o ataque. Dos sete lances de perigo até o final do primeiro tempo, seis foram do time esmeraldino. E realmente bastou uma só chance para que o Itumbiara honrasse o maior e único objetivo do futebol: o gol!
Segundo tempo e os cinco minutos iniciais foram a cópia fiel do ocorrido na primeira etapa. Goiás, Goiás, Goiás, Goiás e goooooooool.... do Itumbiara! O restante me recuso a falar. Afinal, não sou papagaio para ficar repetindo as coisas. Prefiro enfocar o chamado elas por elas.
Harlei ou Sérgio? Tanto ao longo do campeonato quanto na final, Sérgio deu um banho. Além de ter sido o goleiro menos vazado de toda a competição, quando precisou, mostrou serviço. Não que Harlei tenha falhado em algum dos gols, mas também não fez milagre como fez o goleiro tricolor na falta que Paulo Baier cobrou aos 23 do segundo tempo.
Claudemir foi um exímio lateral. Não cruzou, mas também não deixou Fabinho cruzar (se é que ele sabe fazer isso!). Na zaga, Anderson e Henrique foram literalmente perfeitos. Anularam toda e qualquer possibilidade de reação do Goiás e ainda viram Schwenck desperdiçar um pênalti que eles sequer cometeram. Justiça feita: aqui se faz, aqui se paga!
Do lado do Goiás, defendi Ernando e Paulo Henrique durante muito tempo, afinal impedir o contra-ataque itumbiarense era uma responsabilidade que começava lá na frente. Contudo o terceiro gol do Itumbiara me provou que eles também têm culpa no cartório.
Na lateral direita esmeraldina, sinceramente lembro-me de ter escutado o nome Alex Ferreira apenas três vezes. Praticamente invisível em campo. Tiago Fernandes fez a ótima função de ocupar o lado esquerdo do Itumbiara pra deixar Saci livre no meio. Meio que defensivamente era composto por Leandro Carvalho e Totó que inicialmente anularam Paulo Baier e Evandro, mas depois desencanaram ao perceberem que os meias esmeraldinos não ofereceriam risco algum. Espelho invertido de Wellington Saci que, como em todo o campeonato e em especial nessa fase final, desequilibrou para o Gigante da Fronteira. Isso fora Caíco que, dos três gols itumbiarenses, deu passe pra dois. Eficiência pura!
No ataque, situações também opostas. Enquanto o Itumbiara foi iluminado pela contusão de Fábio Oliveira, já que a rapidez de Basílio ao lado do mais veloz ainda Landu, foi estrategicamente determinante para as duas vitórias sobre o Goiás, e se não fosse pela distensão, nem eu, nem você, nem PC teria coragem de tirar um dos artilheiros do campeonato para colocar qualquer outro (tanto é verdade que ele começou jogando o primeiro jogo da final), o Goiás pecou pela falta de ritmo de Alex Terra, de sorte de Schwenck e de percepção de Caio Júnior.
Aliás, como pecou o técnico esmeraldino nessas duas partidas finais. Além da escalação equivocada, das substituições erradas (e demoradas!), e da falta de estratégia tática para desbancar o brio adversário, no final da partida assumiu a derrota de uma maneira que quase anunciava: “Tenho um novo destino. E é o Flamengo Clube Regatas.” Essa aposta eu não esperava perder!
PC Gusmão, sem comentários. Desde a primeira rodada do campeonato colocou o tricolor na zona de classificação, manteve a regularidade durante toda a competição e nas finais, vencendo com mérito os 4 jogos mais importantes da vida do time, deu um show de caneta e prancheta. Nota 10!
Tudo isso mostra a igualdade de Goiás e Itumbiara em termos de merecimento. O primeiro de perder e o segundo de ganhar. E como estou feliz por ter sido surpreendida. Afinal, é bom saber que enquanto os bastidores estiverem trancados, em campo vai vencer sempre o melhor. E pra acertar na previsão, basta não fechar os olhos pra isso!